Como projetar iluminação para autismo e melhorar a vida do usuário

Você sabia que é necessário ter uma iluminação adequada para pessoas com autismo?

As pessoas portadoras de TEA (Transtorno do Espectro Autista) pertencem a um grupo heterogêneo com alguns sintomas em comum, sendo um deles a dificuldade de percepção sensorial. Isso significa que, uma pessoa com TEA pode apresentar hipersensibilidade, hipossensibilidade (ou ambos). Também pode não ter sensibilidade nenhuma em relação a algum aspecto do ambiente e ter dificuldade em mudar de um modo sensorial para outro.

O problema para muitas pessoas com autismo é a dificuldade em filtrar e descartar a informação sensorial que é irrelevante para o que elas estão tentando prestar atenção.  Isso faz com que os cérebros daqueles com autismo percebam igual valor para todos os estímulos recebidos, causando um bombardeio de informação sensorial.

Mas, o que tudo isso tem de relação com a iluminação do ambiente?

Primeiramente, devemos lembrar que o ambiente influencia diretamente nas sensações humanas e a iluminação tem um grande papel nisso tudo. Justamente por isso, é necessário prestar muita atenção nesses pontos quando falamos de iluminação adequada para autismo.

Ambientes físicos com grandes quantidades de estímulos sensoriais, que possuem alto brilho e contraste, fazem com que ocorra um aumento de informações num sistema já sobrecarregado das pessoas com autismo. Por isso, percebemos que, o primeiro passo é simplificar o ambiente para minimizar a exposição a um possível bombardeio de estímulos.

Qual a melhor iluminação para autismo?

Trazendo para a parte prática, existem algumas técnicas que podemos utilizar quando vamos projetar a iluminação adequada para autismo:

  • Evite estímulos de contraste: o ambiente deve ter iluminação homogênea;
  • A iluminação deve ser suave;
  • Cuidado com os estímulos de brilho: O ideal é utilizar iluminação difusa ou, preferencialmente indireta;
  • É importante trabalhar com equipamentos de alto IRC (Índice de Reprodução de Cor);
  • Evite utilizar lâmpadas fluorescentes, mas se não tiver outra opção, use obrigatoriamente reator eletrônico. Ele diminui o nível de ruído (imperceptível para muitas pessoas, mas que pode ser fonte de distração e incômodo para pessoas com autismo) e o flicker da lâmpada;
  • Dê preferência a temperatura de cor quente por ser menos estimulante;
  • O uso da dimerização é um excelente recurso para adequar o ambiente na transição do período diurno para a hora de dormir;

Essas são algumas técnicas que podemos aplicar na hora de projetar espaços, focando em uma iluminação adequada para pessoas com autismo. A arquitetura auxilia no conforto do indivíduo no espaço. Nesse caso, quanto mais conseguirmos simplificar o ambiente e evitar o bombardeio de estímulos, melhor será para o indivíduo portador de TEA.

Encerro este texto com uma frase que gosto bastante de Carl Jung:

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.